O médico e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Júlio César Voltarelli, em parceria com os oftalmologistas Rubens Siqueira, Rodrigo Jorge e André Messias, da Universidade de São Paulo (USP), está realizando uma pesquisa de tratamento com células-tronco que poderá recuperar a visão de portadores da retinose pigmentar, uma doença genética que causa degeneração da retina e perda gradual da visão, provocando cegueira irreversível.
No Brasil estima-se que existem aproximadamente 40 mil portadores desta doença. Cinco voluntários que apresentavam menos de 10% de visão já receberam uma injeção de células-tronco, implantadas na cavidade vítrea do globo ocular. “Estamos com grande esperança que esta terapia para doença degenerativa da retina dê certo. Existem duas possibilidades de sucesso: a primeira é a terapia impedir que a doença continue evoluindo evitando que o paciente caminhe para a cegueira. Se isto for possível já será um avanço considerável. A segunda possibilidade é de o tratamento resgatar funcionalmente a retina, ou seja, proporcionar uma melhora visual o que seria o ideal”, afirma Rubens.
Segundo o pediatra e especialista em coleta e armazenamento de células-tronco do cordão umbilical, Carlos Alexandre Ayoub, do Centro de Criogenia Brasil, atualmente mais de 300 doenças estão em fase final de testes, com resultados positivos surpreendentes, e a cada dia surgem novas técnicas e aplicações para as células-tronco. “No futuro espera-se reconstituir órgãos inteiros com células-tronco, não dependendo mais de transplante”, afirma Ayoub.
Segundo Rubens Siqueira, atualmente responsável pela observação e segurança do procedimento nos pacientes voluntários, é importante ressaltar que se trata de um estudo experimental que visa avaliar a segurança. O acompanhamento ocorrerá mensalmente durante um ano. “Até o momento nenhum paciente mostrou qualquer complicação. Estamos avaliando também o comportamento funcional da retina. Já observamos respostas positivas nos exames de campo visual e no eletrorretinograma, que é um exame no qual avalia o funcionamento da retina através de potenciais elétricos. Estes achados apesar de serem ainda discretos mostraram sinais de que estamos no caminho certo”, diz o oftalmologista.
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