ESTE BLOG TEM POR FINALIDADE ABSORVER TODAS AS POSSÍVEIS INFORMAÇÕES,NO QUE DIZ RESPEITO AS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA

CIÊNCIA DE FRONTEIRA, INOVAÇÃO E ÉTICA • 56ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC

Este ano, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) decidiu registrar em cadernos temáticos os principais debates ocorridos durante sua 56a Reunião Anual,de 18 a 23 de julho de 2004, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiab(MT). Uma equipe de quatro repórteres foi destacada para reunir, nesta publicação, boa parte das conferências e mesas-redondas realizadas na UFMT. Aqui estão incluídas também as questões levantadas pelo público – professores, estudantes e pesquisadores – que
participou dos eventos.
É importante ressaltar que, numa seleção, seja ela qual for, sempre comete-se injustiças, seja por deixar de lado palestras ou simpósios igualmente importantes que por certos limites ou imprevistos não puderam ser assistidos, seja por incorrer em risco de interpretar erroneamente as falas dos expositores. Por isso, queremos deixar claro que esta é uma versão preliminar – não revista pelos conferencistas e debatedores – e não pretende ser nada além de munição para a reflexão de temas atuais que afetam direta ou indiretamente toda a sociedade.
Coordenação editoria

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Pesquisa com células-tronco
enfrenta desafios e obstáculos


PROMISSORAS E CONTROVERSAS
Alvo de uma controvérsia que envolve desde conhecimento científico até definições religiosas de vida, passando por questões éticas e legais, a pesquisa em células-tronco e clonagem terapêutica se tornou conhecida do grande público recentemente. No Brasil, o destino dos estudos nessa área deve ser decidido no Congresso Nacional, onde tramita um projeto de lei sobre o assunto. Na conferência ‘Célulastronco’, a física Lygia da Veiga Pereira, coordenadora do Laboratório de Genética Molecular e Modelos Animais da Universidade de São Paulo (USP), falou extensamente sobre o tema, abordando as promessas e os problemas dessanova ferramenta.
Segundo Pereira, o primeiro passo para entender as células-tronco é compreender que todas as células de um indivíduo têm o seu genoma completo. Ou seja, cada uma delas
possui a ‘receita’ completa para ‘fazer’ uma dada pessoa dentro do seu núcleo. Apesar disso, uma célula de músculo é totalmente diferente de uma célula de pele, tanto na sua forma quanto na sua função. O que vai definir a identidade de cada uma será o conjunto de genes que estarão ligados ou desligados nelas. Neurônios, por exemplo, terão grupos ativos e inativos completamente distintos dos de um leucócito.
As células-tronco seriam aquelas com capacidade de auto-renovação, multiplicação ilimitada, ou prolongada, e capazes de produzir pelo menos um tipo de descendente altamente diferenciado. Elas são divididas em dois grandes grupos: as embrionárias e as adultas. “A denominação ‘adulta’, nesse caso, serve para definir aquelas que não são originárias de um embrião.
É perfeitamente possível ter células-tronco adultas derivadas de um recém-nascido”,
explicou a física. Segundo ela, já se trabalha com células embrionárias de camundongo
desde a década de 1980. Nesses animais, elas aparecem três dias e meio após a fecundação e dão origem a todos os tecidos do embrião. Como não são células diferenciadas, mas têm o potencial de se transformar em qualquer outra, elas são chamadas de pluripotentes.
O isolamento dessas células do botão embrionário e o seu cultivo levam ao estabelecimento de uma cultura de células-tronco embrionárias.
Pereira disse que o cultivo dessas células é muito delicado, pois sua tendência é
se diferenciar. Como o objetivo é multiplicá-las sem que elas sofram diferenciação, os
cientistas precisam adicionar ao meio de cultura várias substâncias que bloqueiem essa
habilidade. Além disso, as células-tronco embrionárias são cultivadas sobre fibroblastos embrionários, que também secretam fatores para mantê-las não
diferenciadas.

NO LABORATÓRIO
Em 1999, o laboratório da USP decidiu estabelecer culturas de células-tronco
embrionárias. Segundo a física, o objetivo principal era utilizar essa células para a geração
de camundongos geneticamente modificados. A partir de blastocistos desses animais, os pesquisadores isolaram o botão embrionário, cultivaram as células e submeteram as várias linhagens obtidas a um teste para verificar se elas eram, de fato pluripontentes. Outros testes realizados incluíram o de cariótipo, para determinar se
elas possuíam o número correto de cromossomos, o de atividade fosfatase alcalina,que indica se a célula não está diferenciada, e de formação de corpos embrióides.
Neste último, permite-se que as células se diferenciem e formem corpos embrióides.
“Isso não é um embrião. Não vai haver formação de um camundongo a partir de uma
placa de cultivo, mas nela já é possível encontrar vários tecidos diferentes”, esclareceu a pesquisadora. Com base nesses resultados, foram estabelecidas três linhagens de células-tronco embrionárias de camundongo, batizadas de USP1, USP2 e USP3.
A averiguação da pluripotência dessas células pode ser feita de muitas maneiras.
Uma delas é injetar as células embrionárias em camundongos imunossuprimidos. Se
elas forem realmente pluripotentes, formarão teratomas, nos quais consegue-se identificar tecidos das diferentes origens embrionárias: endoderma, exoderma e mesoderma. Isso é uma indicação de seu potencial de diferenciação.
Outra forma – utilizada no laboratório de Pereira – é reintroduzir as células embrionárias em embriões e observar quais tecidos elas desenvolverão no animal resultante.
Por exemplo, ao cultivar células derivadas de um camundongo de pelagem marrom
com embriões de um camundongo de pelagem branca, cria-se um blastocisto (estágio
de desenvolvimento embrionário) formado por uma mistura de células originárias de
ambos. Essa estrutura é transferida para um fêmea, que atua como uma barriga de aluguel, e, por meio do padrão de coloração, podem-se distinguir os diferentes níveis de contribuição daquelas células embrionárias para os tecidos desses animais.
Outra atividade conduzida no laboratório, de acordo com Pereira, é induzir a
diferenciação in vitro. Para isso, retiram-se tanto os fatores de bloqueio quanto a
camada de fibroblastos da cultura original de células embrionárias, e permite-se que
elas cresçam em suspensão, iniciando um processo de desenvolvimento. Nos corpos
embrióides formados, então, podem-se identificar tecidos epiteliais, musculares e hematopoiéticos (que geram células sangüíneas), entre outros.

TERAPIAS E TRANSPLANTES
“A utilização das células embrionárias como fonte de tecido para transplante
não significa deixar que elas se diferenciem em tecido sem controle, pois isso poderia
levar à formação de teratomas nos pacientes”, explicou Pereira. Segundo ela, a idéia é
estabelecer linhagens e dirigir, através do tratamento das células embrionárias com
diferentes fatores, sua diferenciação para tecidos específicos, de acordo com a doença
da pessoa. Por exemplo, o cultivo na presença de ácido retinóico as induziria a se diferenciar em neurônios. Uma vez diferenciadas in vitro, as células seriam então injetadas nos indivíduos.
A física ressaltou que os vários trabalhos realizados por grupos estrangeiros
justificam a grande animação em relação ao uso das células embrionárias como fonte
de tecido para transplante. Ela citou três trabalhos nessa área. O primeiro, de 1995,
relata o uso das interleucinas 3 e 6 para gerar células hematopoiéticas (sangüíneas).
Parta testar seu valor terapêutico, os pesquisadores as injetaram em camundongos irradiados, cuja medula óssea tinha sido destruída, simulando uma situação de leucemia
e de necessidade de transplante de medula. Eles observaram que as células diferenciadas foram capazes de dar origem a todas as linhagens do sistema nos animais irradiados.
O segundo trabalho, publicado na revista britânica Nature em 1999, trata do
uso de ácido retinóico para induzir a diferenciação em células neuronais. Estas foram
então injetadas em ratos que haviam sofrido um trauma da medula espinhal e perdido
os movimentos das patas posteriores. O objetivo dos cientistas era ver se essas células derivadas das embrionárias eram capazes de regenerar as conexões rompidas daquela medula. Entre duas a cinco semanas após a injeção, eles observaram que tinha havido diferenciação em diversas células neuronais. “O mais importante nesse experimento é que os animais tiveram uma recuperação parcial do movimento das patas posteriores”, destacou Pereira. Ela lembrou que esse tipo de experiência em modelos animais gera
uma grande expectativa quanto ao uso dessas células em seres humanos. Um exemplo
disso seria o ator norte-americano Christopher Lee, conhecido por interpretar o Super-
homem no cinema, que é um grande ativista eincentivador de pesquisas com células embrionárias,pois acredita que ainda vai se beneficiar de seu uso.
O último trabalho citado por Pereira, de 2001, publicado na revista norte-americana Science, descreve a diferenciação de células-tronco embrionárias em células
que secretam insulina, similares às existentes no pâncreas. Os pesquisadores demonstraram a capacidade de vascularização de um enxerto dessas células
em um animal e a produção de insulina. No entanto,
um ano e meio depois, outro artigo na mesma revista relatou que aquelas células diferenciadas não estavam produzindo insulina e sim captando-a do meio de cultura,
ao qual era adicionada para promover a diferenciação,
secretando-a. A física vê isso como um exemplo dos altos e baixos da área
de células-tronco. “Temos que progredir, sim, mas sempre com muita cautela”, alerta.
PROMESSA E POLÊMICA
O ano de 1998, segundo Pereira, é um marco na história dessa pesquisa, pois
estabeleceram-se as primeiras culturas de células-tronco embrionárias humanas. Assim
como no caso dos camundongos, essas células são derivadas do blastocisto que, em
seres humanos, corresponde a um embrião de cinco dias. No trabalho que descreve o
processo, foram utilizados embriões excedentes de clínicas de fertilização. Os pesqui sadores responsáveis demonstraram a pluripotência das células injetando as nãodiferenciadas em camundongos imunossuprimidos, como descrito antes, e conseguiram
observar a formação de teratomas.
Para a física, a grande promessa das células-tronco embrionárias humanas é
poder realizar com elas os mesmos protocolos de diferenciação, identificando exatamente quais são os fatores que induzirão sua diferenciação em tecidos específicos
para terapia. As células humanas já foram diferenciadas em células de medula óssea,
do sistema nervoso, do músculo cardíaco e do pâncreas. Há, portanto, uma grande
esperança de que elas possam ser usadas no tratamento, por exemplo, de leucemias,
diabetes ou insuficiência cardíaca.
Assim como em qualquer tipo de transplante, o principal problema é o risco de
rejeição – não necessariamente um embrião específico será compatível com o paciente.
Uma opção para resolver isso seria criar um banco de células embrionárias derivadas
de milhares de embriões diferentes e testar com qual delas a pessoa é compatível.
Nesse caso, há o risco de não se encontrar qualquer compatibilidade. Outra alternativa
seria gerar células-tronco embrionárias geneticamente idênticas ao indivíduo, a
chamada clonagem terapêutica. Nessa técnica, retira-se uma célula adulta qualquer –
de pele, por exemplo – do paciente e transfere-se seu núcleo para um óvulo enucleado
(sem núcleo), da mesma forma que foi feito com a ovelha Dolly. O embrião é cultivado
no laboratório e, quando chega ao estágio de blastocisto, em vez de ser transferido
para o útero de uma mulher – o que configuraria a clonagem reprodutiva –, servirá
como fonte de células-tronco embrionárias geneticamente idênticas ao paciente.
Segundo Pereira, a viabilidade do ciclo de clonagem terapêutica já foi demonstrada
em camundongos e bovinos. Este ano, em trabalho publicado na revista Science,
um grupo da Coréia do Sul relatou ter conseguido estabelecer uma linhagem de célulastronco embrionárias a partir de embriões clonados, gerados por transferência nuclear.
O resultado dá a entender que será possível utilizar a clonagem terapêutica também
em humanos para gerar tecidos imunologicamente compatíveis com os pacientes.
Apesar dos potenciais benefícios dessa técnica, ela é uma fonte de polêmica no
mundo inteiro. Alguns grupos alegam que ela deveria ser proibida, dado o risco que
envolve de se criar um comércio de embriões. Outros dizem que a proibição deve existir
porque não há qualquer forma de se assegurar que o embrião não será implantado
no útero de uma mulher para fazer um clone humano. A pesquisadora da USP acha
que esses argumentos não justificam a proibição do desenvolvimento desse tipo de
pesquisa. Para ela, a solução não é a proibição, mas, sim, a criação de mecanismos de
vigilância, legislação e punição. “Qualquer nova tecnologia pode ser utilizada de forma errada. Uma faca pode cortar um bife, mas também pode matar uma pessoa, nem
por isso vamos bani-la”, afirmou.
A pesquisadora da USP acredita que o motivo real por trás dos argumentos contra o desenvolvimento desse tipo de tecnologia é a questão do embrião. É necessário destruí-lo para retirar as células-tronco embrionárias e, para algumas culturas e religiões, ele é considerado um ser vivo. No entanto, Pereira lembrou que o blastocisto é um embrião de cinco dias de desenvolvimento, e não um feto formado com o coração batendo – imagem que costuma aparecer na mente das pessoas quando o assunto é mencionado. Ela salientou que a definição de vida é muito subjetiva. Por exemplo, na religião cristã, a vida se inicia no momento da fecundação, enquanto no judaísmo ela começa a partir do momento em que o embrião se implantou no útero materno, o que só acontece alguns dias depois da formação do blastocisto. Logo, em Israel, não há qualquer dilema ético sobre a utilização desses embriões, e o país está muito avançado nessa área.
LEGISLAÇÕES
Um projeto de Lei de Biossegurança, com a proibição do uso de embriões humanos como material biológico, tramitava no Congresso Nacional à época da palestra da física na 56a Reunião Anual da SBPC.
Pereira ressaltou na oportunidade que esse projeto visava legislar sobre organismos geneticamente modificados. “O embrião não é um organismo genéticamente modificado, logo, se usarmos uma lógica cartesiana, seu destino não deveria estar sendo tratado por essa lei”, comentou. Ela apontou também o contra-senso do projeto, que permite a clonagem terapêutica para a obtenção de células-tronco, embora esse processo envolva, necessariamente, a destruição de um embrião. Segundo a física, é importante destacar que, se a lei for aprovada, vai criar uma proibição extremamente radical para esse tipo de pesquisa no Brasil, pior até do que aquela vigente nos Estados Unidos. Nesse país, é proibido usar verba federal nesse tipo de pesquisas, mas não recursos privados. A proposta aqui no Brasil resultará no bloqueio completo do desenvolvimento dessa área de estudo.
A pesquisadora reconheceu a necessidade de termos uma legislação que impeça a clonagem reprodutiva humana no Brasil, evitando assim que o país se torne um paraíso clonal – um lugar no qual pessoas de todo o mundo conduzam atividades biológicas ilegais. Contudo, ela acredita que a aprovação do projeto de lei em sua forma atual [antes da aprovação do substitutivo do senador Osmar Dias (PDT-PR) em 10 de agosto pelo Senado] seria gravíssima, pois perderíamos uma vantagem competitiva na área: em vez de atrair pesquisadores de países que não permitem a pesquisa, poderíamos causar a saída dos nossos. “Se entrar em vigor, a legislação causará um atraso científico e tecnológico em médio e longo prazo no país, invalidando anos de investimento tanto em recursos humanos quanto em equipamento. No futuro, talvez tenhamos que mandar os pacientes se tratar em outro país ou então importar essa tecnologia”, advertiu a física.
Pesquisadores brasileiros elaboraram uma modificação para o texto original do projeto de lei para permitir o uso de embriões de baixa qualidade. Pereira explicou que, quando um casal faz um tratamento de fertilização, o médico sabe diferenciar
aqueles embriões que têm alguma probabilidade de dar origem a um bebê. Os outros,de morfologia inferior, cuja chance de se desenvolverem não é significativa, são descartados.
São estes que os cientistas sugerem usar. De acordo com a nova proposta, seria proibido criar um embrião somente para fins de obter material biológico, mas aqueles
gerados em clínicas de fecundação e que seriam descartados por sua baixa qualidade, ou que estejam congelados há mais de três anos – o que reduz ainda mais a sua viabilidade.Pereira reconhece que um embrião humano não é material trivial, como pele ou sangue, mas ela não crê que se deva conceder a ele os mesmos direitos de um indivíduo. “Estudos mostram que a chance de um embrião criado por transferência nuclear se desenvolver é de menos de 1%, muito inferior à de um embrião natural”, ponderou.
Outra questão legal levantada pela pesquisadora refere-se a uma resolução do Conselho Federal de Medicina, de novembro de 1992, que dispõe sobre as normas éticas para uso das técnicas de reprodução assistida. Pelo documento, é proibida a fecundação de óvulos humanos com qualquer outra finalidade que não a procriação humana. Em seguida, afirma que o número total de pré-embriões produzidos em laboratório deve ser comunicado e que o excedente, ou seja, aqueles que não são transferidos para a mulher, deve ser criopreservados (mantidos congelados), não podendo ser descartados nem destruídos. Essa norma também impede o desenvolvimento das pesquisas. Mas, para Pereira, nessa época talvez não estivesse tão claro o potencial do uso em pesquisa dos embriões excedentes, e agora seria uma boa oportunidade para se discutir o que se vai ou não fazer com esse material aqui no Brasil.
“Enquanto não temos autonomia para produzir as nossas próprias linhagens de células embrionárias humanas, continuamos fazendo pesquisa com aquelas vindas dos Estados Unidos”, explicou a física. Em março de 2004, o grupo do biólogo norteamericanoDouglas Melton, da Universidade de Harvard, publicou na revista norteamericana
New England Journal of Medicine o estabelecimento de 16 novas linhagens de células-tronco embrionárias humanas, as quais eles disponibilizaram para qualquer pesquisador do mundo. Segundo Pereira, Melton e seus colegas acreditam tanto no desenvolvimento
dessa área de pesquisa que resolveram capacitar cientistas do mundo inteiro para trabalhar com elas, incluindo a física da USP, cujo laboratório recebeu algumas das linhagens.
A pesquisadora considera importante também a questão da proliferação in vitro (em laboratório) dessas células. Para utilizá-las como fonte de tecidos para transplante e obter o efeito terapêutico desejado, é preciso produzir uma quantidade suficiente. Isso requer o conhecimento de quantas gerações de células é possível gerar sem que elas percam sua pluripotência. “Temos que investir em protocolos de proliferação in vitro”, disse.
PROPOSTAS ALTERNATIVAS
A seriedade das discussões éticas levou à criação de propostas alternativas para
a geração de células embrionárias. Por exemplo, um grupo propôs utilizar óvulos bovinos,em vez de humanos, para fazer a transferência nuclear. A partir desse embrião,
se estabeleceriam células embrionárias ‘humanas’ – apesar de o núcleo ser humano,todo o citoplasma seria bovino, incluindo as mitocôndrias, que possuem DNA desses animais. De acordo com Pereira, esse tipo de proposta ilustra o desespero dos pesquisadores para poder avançar nesse tipo de pesquisa.
Ela apresentou uma opção que vem sendo estudada pelo seu laboratório: célulastronco
adultas derivadas da polpa do dente de leite. O grupo da pesquisadora estabeleceu uma cultura das células que estão na raiz dentária e induziu a sua diferenciação primeiro em osteoblastos e, depois, modificando o meio de cultura, em células musculares.Além disso, ao tratá-las em condições específicas, os cientistas conseguiram transformá-las também em células nervosas. Apesar de ainda ser necessário determinar se a técnica é funcional in vivo, Pereira acredita que essa é uma área promissora para se investir.
As células-tronco adultas são apontadas como uma possível alternativa. As mais
conhecidas entre elas são aquelas presentes na medula óssea, que dão origem a todas as células do sistema hematopoiético. Até cerca de 10 anos atrás, acreditava-se que as células-tronco da medula óssea só eram capazes de dar origem às células mesenquimais, mas vários estudos demonstraram um potencial de diferenciação muito mais amplo. Um trabalho publicado na Nature, em 1999, mostrou que células da medula óssea de camundongos sadios, quando injetadas intravenosamente em camundongos com distrofia muscular, foram integradas ao músculo e produziram a proteína cuja ausência provocava a doença.
Em um segundo experimento, células da medula óssea foram utilizadas para o tratamento de um modelo animal de infarto do miocárdio. Esse problema foi induzido em camundongo em cujo músculo cardíaco foram injetados, posteriormente, células da medula óssea de outro animal. A análise dos resultados mostrou que as células hematopoiéticas conseguiram se incorporar no músculo cardíaco e produzir proteínas específicas. De acordo com Pereira, esses experimentos foram tão promissores que justificaram o início desse tipo de experiência em seres humanos. Em artigo publicado na revista norte-americana Circulation, em 2003, e realizado em parte pelo grupo de pesquisa coordenado pelo biólogo Radovan Borojevic, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, indivíduos com insuficiência cardíaca receberam a injeção de células da sua própria medula óssea, eliminando o problema da rejeição. Os resultados foram promissores.
Outro trabalho importante, publicado em 2002 na New England Journal of Medicine,
analisou homens que receberam transplante de coração de mulheres. A análise
posterior de biópsias do músculo cardíaco desses indivíduos revelou de 7% a 12% de
células XY (masculinas). Isso pode indicar que existem células-tronco circulantes naturalmente no nosso corpo e que elas promovem alguma regeneração. Em um estudo similar, analisaram-se mulheres com leucemia que receberam transplante de medula
óssea de homens. A biópsia de seus cérebros revelou células do sistema nervoso com
um cromossomo Y, levando a crer que as células da medula óssea têm a capacidade limitada de se diferenciar em neurônios. “Precisamos agora conhecer esse sistema e saber como controlá-lo, para potencializar essa regeneração e diferenciação”, explicou apesquisadora da USP.
No entanto, ela ressaltou que existem problemas. Ainda não se sabe exatamente
o que acontece com essas células quando são injetadas, seja no modelo animal, seja
no paciente. Todo mês aparece um trabalho novo, em revistas de altíssimo impacto,
afirmando algo, para, logo em seguida, ser desmentido por outro estudo. Como exemplo,
Pereira cita dois artigos de 2002 que mostraram que as células da medula óssea não alteram a sua morfologia porque estão se diferenciando em músculo cardíaco, mas, sim, porque estão se fundindo às células do mesmo. Entretanto, outro estudo recente, publicado na revista Nature, contradiz essa informação, afirmando que não há fusão, e sim diferenciação.
A física levantou também a questão de que nesses experimentos está se injetando
uma população muito heterogênea de células da medula óssea e só algumas delas
são células-tronco. Para ela, é preciso descobrir dentro da ‘caixa-preta’ da medula
óssea quais são aquelas que de fato têm essa plasticidade tão ampla. Pereira citou um
trabalho divulgado na Nature, em 2002, no qual os pesquisadores conseguiram identificar, a partir da medula óssea, o que eles chamaram de células progenitoras pluripotentes adultas. Eles isolaram uma população específica, a injetaram dentro de um embrião de camundongo e observaram quais tecidos derivaram dessas células. Esse
grupo demonstrou que elas foram capazes de dar origem aos mais diversos tecidos nesse animal. Entretanto, alguns meses depois, outro artigo, publicado na Science, afirmou
existir pouca evidência da plasticidade dessas células hematopoiéticas. Os autores
fizeram experimentos semelhantes, mas não conseguiram repetir os resultados do outro grupo, que conseguiu isolar as células pluripotentes a partir da medula óssea.
De acordo com Pereira, essa é mais uma prova de que precisamos de mais pesquisa na
área de células-tronco.
Também é necessário, segundo ela, identificar novas fontes de células-tronco adultas, como o sangue do cordão umbilical e da placenta de recém-nascidos.
A abundância dessas células nesses locais justificou a criação de bancos de sangue de
cordão umbilical nos Estados Unidos e na Europa. Hoje, uma pessoa que precisa de
transplante de medula óssea pode recorrer também a esses bancos, além dos de medula
óssea. Aqui no Brasil, há uma grande vontade de que o Ministério da Saúde implemente
a criação de redes de banco de sangue de cordão umbilical.
Se as células-tronco adultas tiverem o mesmo potencial das embrionárias, elas podem um dia substituí-las. Isso eliminaria o dilema ético, mesmo porque já se faz esse tipo de transplante há anos – o de medula óssea. Outra vantagem seria poder, em várias ocasiões, usar células do próprio paciente, como nos problemas de insuficiência
cardíaca, desde que a doença não tenha uma origem genética. Entretanto, no momento, não se pode dizer que elas tenham o mesmo potencial das embrionárias. Por isso, é preciso continuar estudando ambas.
A importância da divulgação
A física mencionou também o papel do cientista em esclarecer os deputados e senadores, bem como o resto da população, que não têm obrigação de saber o que é clonagem terapêutica, célula embrionária e a diferença entre esta e a célula adulta. Ela contou
que já foram organizados dois ou três seminários de esclarecimento no Senado. Embora não tenha havido grande participação dos políticos, as apresentações foram gravadas pela TV Senado. As fortes manifestações por parte das instituições científicas, como
a Academia Brasileira de Ciência, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram consideradas importantes.
Na conclusão de sua palestra, Pereira destacou a natureza controversa desse tópico, comparando sua evolução a uma ‘montanha russa emocional’, na qual um dia as células-tronco são uma panacéia e, no seguinte, não servem para nada. “O importante é acompanhar de perto as pesquisas, bem como participar delas, porque as promessas de uso médico só poderão se concretizar em longo prazo”, frisou.


http://www.sbpcnet.org.br/site/arquivos/arquivo_172.pdf

domingo, 29 de novembro de 2009

Uso de células-tronco adultas no tratamento de doenças urológicas é pesquisado

terça-feira 24 de março de 2009.

No dia 14 de março foi comemorado o Dia Mundial da Incontinência Urinária, doença caracterizada pela incapacidade de controlar a micção ou de armazenar a urina, e que acomete cerca de sessenta milhões de pessoas no mundo, entre homens, mulheres e crianças. Segundo o site da Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária pode ser tratada, de forma geral, com fisioterapia do assoalho pélvico, medicamentos e cirurgias. No entanto, pesquisas realizadas pela equipe do médico Fernando Gonçalves de Almeida, da Universidade Federal de São Paulo, apontam as células-tronco como uma nova arma no tratamento terapêutico da doença.

A perda involuntária de urina é decorrente do mau funcionamento dos nervos e músculos da bexiga e da uretra. Dessa forma, a reparação de danos destes tecidos é fundamental para restaurar a continência urinária. “Muitos casos de incontinência urinária masculina e feminina não podem ser curados com os tratamentos cirúrgicos convencionais. Esses casos poderiam se beneficiar da aplicação de células-tronco, que ajudaria na regeneração do órgão afetado”, avalia o médico urologista. Acredita-se que as células-tronco adultas são responsáveis pela regeneração em vários tecidos e já foram isoladas de diferentes órgãos, como fígado, pâncreas, rins, músculo e do sistema nervoso central.

Almeida publicou em 2005 um trabalho em colaboração com um grupo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), demonstrando a incorporação de células-tronco derivadas de tecido adiposo humano na uretra e bexiga de ratos e camundongos imunossuprimidos, e a diferenciação das mesmas em células musculares lisas.

As células-tronco derivadas de tecido adiposo começaram a ser estudadas a partir de 2002 com objetivos clínicos. Estas células, chamadas de ADSC (Adipose Derived Stem Cells), foram isoladas de lipoaspirados humanos e possuem a capacidade de se diferenciar em células adiposas, osso, cartilagem, músculo esquelético e em linhagens neuronais.

Além de apresentarem vantagens sobre outros tipos de células-troncos, pela fácil obtenção e pelo grande número de células obtidas, as ADSC também possibilitam o transplante autólogo, ou seja, no próprio doador - o que diminui os riscos de rejeição. O grupo de Almeida testou tal procedimento em coelhos e este trabalho, que ainda não foi publicado, será o primeiro a demonstrar a viabilidade do transplante autólogo de ADSC no trato urinário. Neste modelo, tecido adiposo de pata de coelhos foi coletado e as células foram injetadas na parede uretral do coelho doador. Na oitava semana após a injeção, as células já apresentavam a tendência de se espalhar e se integrar na parede da uretra.

Células-tronco derivadas de diversos tecidos, como medula óssea e músculo, já foram testadas em animais no tratamento de doenças urológicas e o potencial de desenvolvimento desse tipo de intervenção ainda é vasto. No entanto, as células mesenquimais derivadas da medula óssea são de difícil coleta e por isso o seu uso terapêutico é limitado.

Em humanos, estudos clínicos realizados no exterior já testaram células-tronco musculares e de cordão umbilical na terapia da incontinência urinária. Apesar dos resultados preliminares serem positivos, as células derivadas do cordão umbilical não possibilitam o transplante autólogo. Estudos realizados com mioblastos (células embrionárias musculares) e fibroblastos (células responsáveis pela regeneração) humanos já demonstraram melhoras em homens com incontinência urinária ocasionada pela remoção cirúrgica de toda a glândula prostática, e de mulheres com incontinência por esforço. No Brasil, os estudos nesta área não chegaram na fase clínica, mas ainda há muito que se estudar.

A incontinência urinária, apesar de apresentar grande impacto na qualidade de vida, é uma doença de curso benigno e possui outras formas de tratamento efetivas. “Infelizmente as pesquisas ainda estão em estágio experimental e levará muitos anos até que tenhamos resultados satisfatórios quanto à eficácia e segurança do uso de células-tronco em humanos. Mas os resultados iniciais são bastante animadores. Por esse motivo é que estamos muito confiantes nas pesquisas”, diz Almeida.


http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=674

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Empresa pede teste de células-tronco em humanos nos EUA

20/11/2009 - 10h26

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da France Presse, em Chicago
A terapia com células-tronco embrionárias deu mais um passo para a fase clínica na quinta-feira (19), depois que cientistas norte-americanos anunciaram ter solicitado ao governo a aprovação de testes em seres humanos.

O programa, com autorização solicitada pela empresa Advanced Cell Technology (sede em Massachusetts, nordeste), diz respeito a 12 pacientes que correm risco de perder a visão, devido à doença de Stargardt, uma das formas mais comuns de cegueira juvenil

O tratamento consistiria numa injeção única de células da retina derivadas de células-tronco embrionárias.

Estudos realizados previamente em cobaias mostraram que este tratamento permitiria deter a degradação da visão, sem gerar efeitos secundários, explicou Robert Lanza, cientista da Advanced Cell Technology.

O mecanismo consiste em substituir as células da retinas perdidas --chamadas epitélio pigmentário retinal ou EPR--, que possuem os fotorreceptores necesários para a visão.

Os testes terapêuticos poderão começar já no início do próximo ano, se a FDA --a agência americana de controle de medicamentos-- der sua aprovação, explicou Lanza.

É a segunda solicitação de autorização para realizar testes clínicos com células-tronco embrionárias nos Estados Unidos.

A primeira, uma terapia para reparar lesões na medula espinhal, está pendente, pelo menos até o terceiro trimestre de 2010, informou recentemente a empresa californiana Geron, autora da petição.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u655213.shtml

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

CÉLULAS-TRONCO

NORMAS DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA



Resolução CFM nº 1.623/2001


O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de julho de 1958, e
CONSIDERANDO que o alvo de toda atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional;
CONSIDERANDO que o médico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente;
CONSIDERANDO que o médico deve empenhar-se para melhorar as condições de saúde e os padrões dos serviços médicos e assumir sua parcela de responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde;
CONSIDERANDO ser vedado ao médico descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento;
CONSIDERANDO ser vedado ao médico participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou tecidos humanos;
CONSIDERANDO ser vedado ao médico obter vantagens pessoais, ter qualquer interesse comercial ou renunciar à sua independência profissional em relação a financiadores de pesquisa médica da qual participe;
CONSIDERANDO que a perda traumática, a ausência congênita de tecidos e situações clínicas de difícil resolução, como por exemplo as queimaduras extensas, permanecem como um desafio terapêutico, independentemente das alternativas disponíveis, influenciando a morbidade e mortalidade;
CONSIDERANDO que o cultivo de células in vitro representa uma alternativa terapêutica;
CONSIDERANDO a existência de normas legais vigentes no país relativas à doação e transplante de órgãos e tecidos;
CONSIDERANDO que o transplante de tecidos ou células para finalidades terapêuticas é um ato médico;
CONSIDERANDO que no País se inicia a normatização referente a Bancos de Tecidos e Células;
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em Sessão Plenária do Conselho Federal de Medicina realizada em 11 de julho de 2001,

RESOLVE:

Art. 1º - O funcionamento dos serviços onde são desenvolvidos a captação, processamento, armazenamento, distribuição e efetivação de transplante de tecidos e células para fim terapêutico deve estar condicionado à aprovação da Comissão de Ética Médica da instituição a que estão vinculados.

Captação de tecidos e células para cultivo:
Art. 2º - A captação de tecidos e células para cultivo para uso alógeno e autógeno deve obedecer a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, alterada pela MP nº 1718, de 6 de outubro de 1998, regulamentada pelo Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1998, e disciplinada pelas Portarias GM/MS nº 3.407, de 5 de agosto de 1998, e 904, de 16 de agosto de 2000.

Processamento:
Art. 3º - O processamento deve obedecer a protocolos pré-estabelecidos, devidamente registrados e embasados na experiência científica nacional e internacional.
Art. 4º - As características da função celular e a qualidade biológica dos tecidos e células cultivados devem ser comprovadas e documentadas previamente à utilização terapêutica.
Art. 5º - O cultivo das células e tecidos deve ser conduzido em instalações e em condições técnicas apropriadas, segundo normas que permitam a produção de materiais compatíveis e seguros para seu uso como transplantes ou implantes.
Parágrafo único - Cabe à autoridade sanitária nacional estabelecer e supervisionar o cumprimento das normas acima citadas.

Armazenamento:
Art. 6º - Os tecidos e células cultivados devem ser armazenados em condições que permitam:
a rigorosa identificação do doador;
o fácil acesso ao tecido/células quando do momento de seu uso;
a manutenção das qualidades biológicas e funcionais durante o período considerado válido para armazenamento;
a existência de sistemas de controle relativos a contaminações bacterianas, virais e fúngicas durante o período de armazenamento.
Disponibilização:
Art. 7º - Os tecidos ou células cultivados devem ser disponibilizados de maneira a:
assegurar a manutenção de sua qualidade desde o momento da retirada do estoque até sua utilização clínica;
assegurar a identificação da origem e o histórico de processamento de todos os tecidos e células disponibilizados para transplante e/ou transplantados;
tornar compulsório o registro dos resultados ou efeitos colaterais indesejáveis;
permitir o recolhimento e a eliminação de material considerado inadequado para transplante;
assegurar que quando não utilizados em transplantes no respectivo doador, sejam desprezados ou possam ser utilizados em projetos científicos aprovados por Comissões de Ética e Pesquisa, desde que autorizado pelo doador;
permitir seu transplante a outro receptor que não o doador, desde que autorizado pelo mesmo.
Transplante:
Art. 8º - O transplante de tecidos e células cultivados deve:
ser realizado por equipe médica tecnicamente capacitada;
implicar na obrigatoriedade do registro, em prontuário médico do receptor, da origem dos tecidos e células transplantados e os dados do procedimento realizado;
tornar obrigatória a existência do registro dos dados do doador e receptor nos arquivos do fornecedor do produto.
Art. 9º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília-DF, 11 de julho de 2001

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE
Presidente

RUBENS DOS SANTOS SILVA
Secretário-Geral

http://www.reproducaohumana.com.br/normas_abrir.php?id_noticia=5
CÉLULA TRONCO - O QUE MUDA?


O uso em pesquisas de embriões congelados só será possível com o consentimento do casal que fez fertilização in vitro.

A capacidade da célula-tronco de se transformar em qualquer célula do corpo faz dela uma promessa de solução para doenças hoje incuráveis. No Brasil, o estudo dessas estruturas só é permitido em células adultas. Dia 2 de Março de 2005, o congresso aprovou a pesquisa com células-tronco retiradas de embriões humanos desde que congelados há mais de três anos. Os cientistas apostam que o potencial terapêutico e curativo desse tipo de célula-tronco, as embrionárias, é superior ao apresentado nas pesquisas com células adultas. Se a lei for sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a expectativa dos pesquisadores se confirmar, uma nova medicina surgirá.

Em contraponto à excitação dos cientistas, parte da sociedade está apreensiva. Muitos casais se perguntam o que acontecerá com seus embriões congelados em clínicas de reprodução assistida. Segundo especialistas, não há motivos para preocupação, pois a experiência só avançará com o consentimento do casal.

- A doação está condicionada ao consentimento expresso do paciente. Quem não quiser doar não tem obrigação nenhuma de fazê-lo – salienta a ginecologista e obstetra Mariângela Badalotti, professora da faculdade de medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e diretora de um centro de medicina reprodutiva.

Para Mariângela, a lei é importante por abrir a possibilidade de mais um destino – a doação para a pesquisa – aos embriões excedentes. O projeto permite o uso de embriões excedentes produzidos por fertilização in vitro (FIV) congelados a pelo menos três anos – o texto não explica porque esse período.

Para realizar a FIV, o médico colhe ao menos um óvulo para fecundá-lo com o espermatozóide e implanta-lo no útero. Com as chances de gravidez com apenas um óvulo fecundado são de 12%, os médicos têm de fecundar diversos óvulos, para aumentar as chances. Para isso a mulher recebe medicamentos que estimulam os ovários a produzir vários óvulos.
Essa estimulação aumenta para 33% a probabilidade de gravidez, ensina o ginecologista e especialista em reprodução Eduardo Pandolfi Passos, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
O ginecologista e especialista em reprodução humana Nilo Frantz explica que, para realizar a FIV, são fecundados de seis a 15 óvulos. Como um parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta que quatro é o número máximo de embriões que podem ser implantados no útero, o restante é congelado para ser usado novamente, caso a mulher não consiga engravidar na primeira tentativa ou queira ter outro bebê no futuro.
Como muitas delas optam por não ter mais filhos, há uma tendência a sobrarem embriões – informa Frantz.

No dia seguinte à aprovação do projeto, a SBRA iniciou uma pesquisa entre mais de 120 clínicas brasileira para precisar o número de embriões excedentes mantidos congelados. Segundo a atual presidente da entidade, a especialista em reprodução assistida Maria do Carmo Borges de Souza, é provável que, após a homologação da lei, os casais sejam consultados pelas clínicas sobre se querem ou não doar seus embriões para pesquisa.


Entenda melhor:

Todos os seres humanos derivam de uma única célula, o zigoto, formada após a concepção – fertilização do óvulo pelo espermatozóide.
O zigoto se divide até que, por volta do quinto dia após a concepção, está formado um aglomerado de aproximadamente 150 células, chamadas de blastocisto.

O blastocisto é menor do que um grão de areia e contém dentro de si uma massa interna de células que são chamadas de células-tronco embrionárias.
Esse blastocisto, se implantado no útero, se transforma em embrião e posteriormente em um ser humano.

Se o blastocisto é usado para pesquisas, ele é destruído assim que se retiram as células-tronco. A capacidade mais impressionante da célula-tronco embrionária é sua habilidade de gerar todos os tipos de células funcionais adultas como:

- pele
- músculo cardíaco
- sangue
- tireóide
- nervosas (neurônios)
- musculoesqueléticas
- alveolares (pulmão)
- pigmento
- hepáticas (fígado)
- pancreáticas

De onde são retiradas para serem usadas em pesquisas? Essas células são retiradas de blastocistos desenvolvidos em óvulos fertilizados em laboratórios de reprodução assistida e que não foram implantados no útero.


Tire suas dúvidas:

· O que é fertilização in vitro?

Depois de estimular com hormônios a hiperprodução de óvulos, o médico retira vários deles e os coloca em um meio de cultura com os espermatozóides. Depois da fecundação, os embriões são transferidos para o interior do útero em um prazo de 48 a 72 horas.

· O que são embriões excedentes?

São aqueles que sobraram ao final do processo de fertilização in vitro, ou seja, que mesmo sendo viáveis para a gravidez não foram implantados no útero. Eles são congelados em clínicas de fertilização assistida. Se a lei de biosegurança for sancionada pelo presidente, estes embriões excedentes servirão para pesquisas com células-tronco, que poderão auxiliar na cura de diversas doenças.

· O que os casais que optam pela fertilização in vitro podem fazer com seus embriões excedentes hoje?

O casal que decide tentar a fertilização in vitro para ter um bebê, assina um termo por escrito informando o fim que deseja dar aos seus embriões excedentes. Eles podem mantê-los congelados para posterior uso, ou doá-los a outro casal que não possa ter filhos.

· Se a lei de biosegurança for aprovada, quais serão as opções desses casais?

O procedimento é o mesmo, com a diferença que, ao assinar o termo informando o destino dos embriões excedentes, o casal pode optar por doá-los para pesquisas com células-tronco embrionárias. Os casais que já têm embriões excedentes congelados há mais de três anos poderão informar à clínica de reprodução assistida o desejo de doá-los para estudo.

· Se os casais não quiserem que usem seus embriões congelados, o que devem fazer?

A clínica responsável pelo congelamento é proibida de usar os embriões para qualquer fim sem o consentimento do casal.
A resposta não responde a pergunta


· Se optarem por doar seus embriões congelados para pesquisas, como esses casais devem proceder?

Após a homologação da lei, devem procurar a clínica em que seus embriões estão congelados e manifestar seu desejo de doá-los para pesquisa.

· Quem pode congelar embriões?

Qualquer casal que necessite ou venha a necessitar de fertilização in vitro para ter um bebê. Mesmo que a mulher não tenha conseguido engravidar, o casal pode manter os embriões congelados por tempo indeterminado caso tenha o desejo de tentar novamente mais tarde.

· É possível fazer fertilização in vitro apenas para doar embriões para pesquisa?

Não. A orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que as técnicas de reprodução assistida só devem ser usadas para produzir gravidez.

· Céluas-tronco embrionárias vêm de fetos abortados?

Não. Elas são retiradas de embriões que atingiram o estágio de blastocisto - de três a cinco dias após a fertilização do óvulo pelo espermatozóide – que não foram implantados no útero humano. No desenvolvimento humano, um embrião é considerado feto a partir da sétima semana de gestação.


Fonte:
JORNAL ZERO-HORA - PORTO ALEGRE 05 DE MARÇO DE 2005


http://www.viavida.org.br/artigos_detail.asp?id=18

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Céluas-Tronco

As Implicações Éticas

Por Karla Bernardo Montenegro




Usar embriões congelados excedentes de tratamentos de fertilização ou obter células-tronco a partir de clonagem terapêutica são duas soluções que a Biologia e a Medicina estão propondo para tentar chegar mais perto da cura de várias doenças.Ao mesmo tempo, que gera esperança provoca também importantes questionamentos éticos, identificados pelos especialistas na área da Bioética. Quando são relatados os aspectos morais da manipulação do material biológico humano, várias perguntas ficam sem resposta: É moralmente válido produzir e utilizar embriões humanos para separar as suas células-tronco? A esperança das pessoas, traduzida na criação constante de novas terapêuticas está acima da vida dos embriões que terão que ser produzidos para gerar as células-tronco? Nos países onde é permitida a clonagem terapêutica haverá a comercialização do tecido produzido em laboratório através do envio deste material para países onde a técnica é proibida?
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As pessoas precisam deixar de ter medo das palavras. Quem fala, por exemplo, que é contra a clonagem reprodutiva mas é a favor da clonagem terapêutica está equivocado, já que nos dois casos se trata de clonagem, mesmo que a finalidade de cada uma seja diferente.

Marlene Braz

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Na opinião da médica psicanalista, pesquisadora em Bioética da Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz e Diretora Executiva da Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro - SB Rio, Prof. Dra. Marlene Braz, é importante ouvir tanto as argumentações ditas "conservadoras" quanto às denominadas "progressistas" para formar uma opinião sobre o que é certo e o que é errado na queda de braço entre os que se posicionam a favor e contra o uso de células tronco embrionárias.

Para Marlene Braz, "As pessoas precisam deixar de ter medo das palavras. Quem fala, por exemplo, que é contra a clonagem reprodutiva mas é a favor da clonagem terapêutica está equivocado, já que nos dois casos se trata de um mesmo procedimento - a clonagem. O termo "Clonagem terapêutica" é um eufemismo para os que não querem falar a palavra "clonagem".

No que se refere a obtenção de células-tronco a partir de embriões congelados, Marlene chama a atenção para o grau do simbolismo existente nos embriões congelados dentro dos cilindros nas clínicas de reprodução assistida. "Muitos casais já consideram estes embriões como filhos que podem existir a qualquer momento". "Alguns outros os vêem como material biológico", afirma.

-Pela possibilidade de se estabelecer uma relação com o seu "embrião", o casal passa a viver um problema ético.O que fazer com os embriões se não planejamos ter mais filhos? É nesta hora que alguns defendem uma espécie de "ética da solidariedade", isto é, em nome do bem da sociedade seria oferecida, ao casal, a possibilidade de doar os embriões para a pesquisa. Será que o casal tem informação suficiente para decidir o destino daquele material? O embrião que a princípio foi produzido para gerar vida pode virar um órgão e isto seria diferente da clonagem reprodutiva? É preciso que o casal tenha total entendimento desta situação- explica Marlene Braz.

Os que estão na outra ponta deste processo, aguardando na fila de doação de órgãos, também precisam saber dos riscos. "Com o uso das células-tronco embrionárias doadas o paciente não está livre do fantasma da rejeição. Para não correr este risco as células-tronco deveriam ser retiradas de embriões clonados a partir do DNA do próprio paciente", lembra.

Quando perguntada a respeito da pertinência da discussão sobre qual é o início da vida, com a finalidade de saber se o embrião congelado teria o status de ser humano, Marlene reflete: "Sem dúvida o embrião é um ser vivo. Não é ainda pessoa, mas já é vivo", opina, ressaltando que "apesar desta discussão ser importante, não devemos esquecer aspectos também relevantes, como a ameaça do mercado de órgãos, os riscos de rejeição, entre outros".

Quando a Bioética olha para a questão da Clonagem Terapêutica, os obstáculos éticos se multiplicam. "No caso da clonagem, os embriões são produzidos já com o objetivo específico de gerar células-tronco e a partir delas, tecidos e órgãos. Em vez de reproduzir por inteiro uma pessoa, um clone ou gêmeo tardio, se cria um pedaço dele. Se todos os países baniram a clonagem reprodutiva porque não banir a dita clonagem "terapêutica", que na realidade também não passa de reprodução, só que de pedaços do corpo? É moralmente relevante distinguir duas espécies de clonagem, se na realidade elas objetiva a mesma coisa, isto é reproduzir?",indaga a médica.

Outro conflito ético diz respeito às mulheres. A clonagem terapêutica prevê a doação de óvulos para a produção de embriões. "Submeter a mulher a técnicas invasivas para a obtenção de vários óvulos por ciclo não é um procedimento ético, afirma Marlene Braz, lembrando que para o feito da Coréia do Sul (obtenção de células-tronco embrionárias a partir de um embrião clonado com a finalidade terapêutica) foi preciso utilizar dezesseis mulheres que geraram 242 óvulos. Deste material foram desenvolvidos apenas trinta embriões e apenas uma linhagem de células-tronco de cartilagem , músculo e ossos." Também neste estudo, mostrou-se inviável produzir um embrião clonado a partir de DNA de outras mulheres que não a própria doadora do óvulo, assim como de material genético de células masculinas, o que restringe bastante sua utilização. No caso só a partenogênese daria resultado (óvulo de uma mulher enucleado com a colocação, em seguida do seu próprio DNA) e somente a própria doadora do óvulo poderia ser beneficiada.

Marlene .fez referência também a um artigo publicado em fevereiro deste ano no jornal americano New York Times no qual especialistas apontam sérias dificuldades para se conseguir clones humanos livres de aberrações genéticas. "Quando da concepção, na fase da meiose, o material genético do óvulo é unido com o do espermatozóide, se unem os 23 cromossomos da mãe com os 23 do pai para formar os 46. No momento desta junção o organismo faz um reparo do DNA, corrigindo possíveis erros e mutações o que, se não for feito, gera mal formações.Com o clone, este estágio é pulado e podem surgir muitos defeitos genéticos e este é um dos problemas técnicos mais difíceis de serem sanados", explica.

-Existe, também, uma diferença moral entre os dois métodos: No caso do embrião congelado ele foi criado com a intenção de ser fertilizado. Já no caso do clone ele foi gerado para ser destruído, mesmo com o argumento que a intenção, neste caso, seria salvar vidas, avalia. Será moralmente aceitável salvar vidas tirando outras?, avalia.

Segundo Marlene, para acabar com os conflitos éticos o ideal seria o incentivo total para as pesquisas envolvendo células-tronco adultas já que recentes resultados apontam para descobertas promissoras nesta área."O pesquisador Antônio Carlos Campos,do departamento de Biofísica da UFRJ citou em um artigo uma recente pesquisa com células-tronco neuronais que teriam capacidade de diferenciação generalizada.", afirma. "Os resultados da pesquisa com células-tronco adultas têm sido muito promissores e isto seria o fim dos problemas relativos à incompatibilidade e rejeição, além de não suscitar questões éticas e religiosas", conclui.

http://www.ghente.org/temas/celulas-tronco/discussao_etica.htm

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Síndrome de Prader-Willi

Síndrome de Prader-Willi
quinta-feira, 6 de agosto de 2009 | 20:56


Estive lendo sobre a Síndrome de Prader-Willi e gostaria de saber mais sobre ela. Existe alguma pesquisa de células-tronco em relação a essa doença?
(Natalia)

Para responder a sua pergunta entrevistei a doutora Célia P. Koiffmann que é a maior especialista brasileira em Síndrome de Prader-Willi.

O que é a Síndrome de Prader-Willi?
É uma doença genética cuja principal manifestação é a obesidade mórbida. Os afetados têm um apetite voraz e por isso é fundamental o diagnóstico precoce para controlar a dieta e iniciar um tratamento adequado antes que apareça a obesidade e os seus efeitos colaterais.

Eles já são bebês gordos?
Não, ironicamente o recém-nascido apresenta hipotonia (é molinho), dificuldade de sucção (o bebê não consegue mamar no peito, tem que ser alimentado com sonda ou conta-gotas). Eles apresentam dificuldade para ganhar peso e têm atraso de desenvolvimento neuropsicomotor - demoram mais tempo para sustentar o pescoço, sentar sem apoio, andar. Isso pode até levar a mãe a “super alimentar” o filho sem suspeitar do diagnóstico. A hiperfagia (fome excessiva) só se inicia entre 1 e 6 anos de idade.

Os adolescentes apresentam baixa estatura, mãos e pés pequenos, problemas de aprendizado e de comportamento e se não forem submetidos a uma dieta, desenvolvem obesidade extrema. A procura por comida é incessante, pois os pacientes sentem muita fome, não têm noção de saciedade. Um controle rigoroso da dieta precisa ser feito para que problemas como diabetes, pressão alta e outros não se manifestem.

É uma doença genética?
Sim. É importante lembrar que genético não é sinônimo de hereditário. A SPW é uma doença genética porque ela é causada por um mecanismo genético envolvendo o cromossomo 15. Entretanto, raramente ela é hereditária. O risco de recorrência ou de repetição da doença na família é muito baixo.

Como é realizado o diagnóstico no laboratório?
Esse é um aspecto importante porque existem várias causas genéticas e/ou ambientais que podem levar à obesidade. O teste que confirma o diagnóstico dos pacientes é realizado no DNA e chama-se “Estudo do padrão de metilação da região Prader-Willi/Angelman.” O teste determina o mecanismo genético que deu origem à síndrome e também se existe risco de que um casal com uma criança afetada possa ter outra com a mesma síndrome.

Como células-tronco poderão ajudar no caso da Síndrome de Prader-Willi?
Além do potencial de regenerar tecidos, as células-tronco podem ajudar a entender os mecanismos que causam doenças genéticas abrindo novas perspectivas terapêuticas. A partir de células-tronco de pacientes com a Síndrome de PW, podemos no laboratório derivar várias linhagens celulares (tecido adiposo, muscular, ósseo etc.) e tentar entender porque essas crianças desenvolvem a obesidade e porque é tão difícil para elas emagrecer. Além disso podemos pesquisar o efeito de diferentes estratégias moleculares ou drogas para tentar corrigir o defeito.

Como conseguir células-tronco dos pacientes?
Um dos métodos seria a partir do próprio tecido adiposo. Sabemos que o tecido adiposo é rico em células-tronco mesenquimais que têm o potencial de formar várias linhagens celulares. Portanto, se uma criança ou adolescente tiver que fazer qualquer cirurgia é importante os pais saberem que com uma quantidade pequena de tecido adiposo podemos extrair muitas células-tronco. A outra fonte rica em células-tronco e de fácil obtenção é a polpa do dente.

Como conseguir a polpa de dente?
Quando o dentinho da primeira dentição cai espontaneamente colocá-lo em leite líquido num pote limpo que pode ser o coletor de urina que se compra na farmácia. Isso mesmo, leite, e avisar o Centro de Estudos do Genoma Humano aos cuidados da professora Célia P. Koiffmann pelo telefone (11) 3091-8093. Se precisar extrair o dentinho no dentista solicitar a esse profissional que faça uma limpeza do dentinho e o coloque no pote com leite ou em uma solução que é fornecida pelo Centro de Estudo do Genoma Humano. Essa solução tem que ser solicitada com alguma antecedência para que possamos enviá-la em tempo.

A polpa de dente pode ser importante para outras doenças?
Bem lembrado. Como a polpa do dente de leite é rica em células-tronco é importante guardá-la no caso de pacientes com outras doenças genéticas. Portanto, caro leitor se você tiver uma criança com algum problema genético que estiver trocando a dentição, contate o Centro de Estudos do Genoma Humano no telefone (11)3091-7966, ramal:15.

Por Mayana Zatz

http://veja.abril.com.br/blog/genetica/tag/obesidade-morbida/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Doenças respiratórias

Doenças respiratórias
Edição Impressa 159 - Maio 2009
Pesquisa FAPESP -
Células-tronco

As células-tronco têm uma infinidade de implicações clínicas no pulmão. O artigo “Stem cells and respiratory diseases”, de Soraia Carvalho Abreu, Tatiana Maron-Gutierrez, Cristiane Sousa Nascimento Baez Garcia, Marcelo Marcos Morales e Patricia Rieken Macedo Rocco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é uma revisão crítica que inclui estudos clínicos e experimentais advindos do banco de dados do Medline e SciELO nos últimos dez anos, onde foram destacados os efeitos da terapia celular na síndrome do desconforto respiratório agudo ou doenças mais crônicas, como fibrose pulmonar e enfisema. Apesar de muitos estudos demonstrarem os efeitos benéficos das células-tronco no desenvolvimento, reparo e remodelamento pulmonar, algumas questões ainda precisam ser respondidas para um melhor entendimento dos mecanismos que controlam a divisão celular e diferenciação, permitindo o uso da terapia nas doenças respiratórias.

Brazilian Archives of Biology and Technology – v. 51 – n.spe – Curitiba – dez. 2008

http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=5566&bd=2&pg=1&lg=

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cientistas criam molécula que amadurece células-tronco
via Folha Online

Uma descoberta acidental durante outra experiência levou os pesquisadores do centro médico Southwestern, da Universidade do Texas, à criação de uma pequena molécula que estimula o amadurecimento de células-tronco do sistema nervoso. A informação é da revista 'Nature Chemical Biology'.

Isso pode permitir no futuro o cultivo das células-tronco nervosas de uma pessoa fora do corpo, o estímulo a seu amadurecimento, e a reimplantação como células que funcionem para o tratamento de várias doenças, segundo os pesquisadores. [Leia+]

"'Isto fornece um ponto de partida crítico para a medicina neurodegenerativa e a quimioterapia do câncer cerebral', disse Jenny Hsieh, professora de biologia molecular e autora do estudo. A criação da molécula permitiu que os cientistas revelassem alguns dos passos bioquímicos que ocorrem quando as células dos nervos amadurecem."


http://www.fisiozone.com/ciencia-e-tecnologia-55/10740-cientistas-criam-molecula-que-amadurece-celulas-tronco.html

CHINASTEMCELLNEWS

Adolescente Local Recebe Tratamento com Células Tronco
Sáb, 11 de Julho de 2009 19:52
Fonte: NTV


Enquanto EUA discutem a ética do tratamento com células tronco, um adolescente de Grand Island recebe tratamento com células tronco adultas na China. A NTV lhe trouxe a história de Nate Redman antes de sua partida.
Quatro semanas depois, ele está de volta.

Quer seja quicando uma bola, ou ao pegar uma, Nate Redman agora pode ver e mover-se um pouco melhor. Quatro semanas atrás, ele tinha dúvidas se ele veria este dia chegar.
"Para ser sincero eu não achava que iria funcionar, eu não tinha muita esperança."
Mas após o primeiro de seis tratamentos com células tronco, Nate era todo sorrisos.

"Foi surpreendente ver. Após o tratamento com células tronco, no dia seguinte ele já estava melhor", diz Nanette Redman, sua mãe.
Nate tem uma doença genética, Ataxia espinocerebelar tipo 7. Ele pegou pra valer o seu corpo ano passado, levando embora a sua coordenação, visão, fala.

"Eu tenho lidado com isso por um longo tempo. É um milagre agora ter esperança de melhorar", disse ele.

Seu milagre foi uma combinação de injeções de células tronco em sua espinha, fisioterapia e
Remédios chineses ... como sopa, chá e acupuntura.
"Eu acho que aqui nós simplesmente sempre damos remédios. Eles tentam acupuntura... ... qualquer coisa antes de dar remédios", diz Nate.

Quando o tratamento deu-lhe dores de cabeça insuportáveis, as enfermeiras analisavam antes de finalmente dar um remédio.

Hoje, seu fisioterapeuta, Travis Hedman de Grand Island Physical Therapy, disse que a fala de Nate melhorou 25 por cento, sua coordenação está chegando lá, e Nate diz que ele pode agora consegue decifrar os rostos das pessoas de perto.
"Antes todos os olhos eram negros, apenas dois pontos escuros".

Ao longo do seu diagnóstico e de sua viagem à China, a mãe de Nate manteve um blog. Na China, ela o atualizava diariamente. Em quatro semanas, gerou mais de 400 comentários.

"É muito empolgante e é divertido ser um pioneiro na área e apenas mostrar o que pode ser feito ", disse ela.

Observações da Repórter: Stacia Kalinoski:

Nate vai continuar com a fisioterapia e natação três vezes por semana. Hedman disse que espera ver melhorias mais visíveis em seis meses. Enquanto isso, seus pais estão planejando outra viagem para a China para mais um tratamento no próximo ano.

O procedimento utiliza células tronco adultas do cordão umbilical de bebês, e, embora não tão polêmico como embrionárias, ambos os procedimentos são proibidos pela FDA.
Para um link para a história de Nate na NTV antes de sua partida:
http://www.nebraska.tv/global/story.asp?S=10448521.

Blog do Nate :http://stemcellschina.com/blog/NateRedman/

http://www.stemcellschina.com/index.php/pt/ataxia-mr-nate

domingo, 1 de novembro de 2009

Os primeiros passos de uma longa caminhada
Brasil é pioneiro no uso de células-tronco no tratamento de acidente vascular cerebral

O uso clínico das células-tronco não parece mais uma promessa distante: o início de um estudo para avaliar a segurança do uso de células tronco adultas de medula óssea na fase aguda do acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico é promessa de um novo tratamento para a lesão. A primeira paciente a receber o implante dessas células não apresentou complicações, recuperou as habilidades motoras perdidas e compreende bem a linguagem após o tratamento. O procedimento – pioneiro no mundo – foi realizado por uma equipe do Hospital Pró-cardíaco (HPC) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O mesmo grupo já havia se destacado anteriormente por resultados animadores no uso de células-tronco para o tratamento de doenças cardiovasculares. Estudos de outras equipes que buscam testar o uso dessas células contra doenças como a esclerose múltipla ou o mal de Parkinson ajudam a consolidar a posição de destaque do Brasil nesse campo de pesquisa promissor.

Em setembro a equipe do HPC e da UFRJ, em parceria com a ONG americana Texas Heart Institute, havia anunciado o sucesso do implante de células-tronco para a regeneração de áreas danificadas do coração e a criação de novos vasos sangüíneos. “Com relação às doenças cardíacas, creio que estamos mais próximos de seu uso clínico do que no caso do AVC”, avalia Maria Lúcia Furtado de Mendonça, da equipe de neurofisiologia do HPC.

Em novembro, os cientistas divulgaram um novo êxito: a recuperação de Maria da Pomuceno, submetida em 24 de agosto ao implante de células-tronco de sua medula óssea, cinco dias após ter sofrido um AVC agudo. A paciente – que tinha o lado direito do corpo paralisado, não falava, não compreendia e apresentava sonolência – voltou a andar, compreender linguagem e balbuciar algumas palavras em 17 dias. Dois meses depois do implante, Maria já recuperou força muscular, reconhece palavras e fala cada vez melhor.

O implante faz parte da primeira fase do estudo, destinada a testar a segurança do procedimento. Resta ainda comprovar sua eficácia para que o implante de células-tronco possa ser usado clinicamente de forma sistemática. Maria Lúcia prevê que, num prazo de sete anos, já será possível tratar outras vítimas de AVC agudo com o método.

O tratamento exige exames prévios não invasivos, como ressonância magnética, tomografia com emissão de pósitrons e eletrencefalograma, para ter a dimensão da lesão e da área recuperável, chamada de ’penumbra isquêmica’. Nessa área há células programadas para morrer que, no entanto, ainda podem ser salvas.

As células-tronco são retiradas da medula óssea do próprio paciente. Depois de devidamente preparadas, são injetadas – no mesmo dia – na artéria responsável pelo AVC por meio de cateterismo por punção na região da virilha. O procedimento é totalmente monitorado e o paciente repete os exames prévios durante o período de recuperação para efeito de comparação com os resultados anteriores.

Ainda não se sabe o tempo médio de recuperação após o implante de células-tronco, mas o caso de Maria da Pomuceno deixa uma mensagem de otimismo. O método pode significar também maiores chances de o paciente se recuperar de um AVC agudo. “Acreditamos que o transplante tenha que ser feito rapidamente” pondera Maria Lúcia, “mas o paciente poderia contar com maior tempo entre o AVC e o tratamento, em comparação com as demais formas de tratar o AVC.”

Aline Gatto Boueri
Ciência Hoje On-line
30/11/04

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