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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Das questões técnicas às éticas, livro discute células-tronco e outras tecnologias

Fernanda Marques

Em tempo de acirrada discussão sobre o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas, é fundamental que o cidadão se mantenha bem informado e participe dos debates. Uma boa fonte de informações sobre este e outros temas da atualidade é o livro Novas tecnologias da genética humana: avanços e impactos para a saúde, recém-lançado pelo projeto Ghente, coordenado pela Fiocruz. O livro traz a reprodução de dois seminários realizados pelo Ghente, bem como textos complementares. Ao todo, quase 30 autores assinam a obra.

“Células-tronco são definidas como células indiferenciadas e não especializadas que têm a capacidade de realizar divisões simétricas e assimétricas. Da primeira, originam-se duas novas células-tronco (indiferenciadas). Da segunda, originam-se duas células distintas: uma indiferenciada e outra diferenciada (especializada). Essas células-filhas especializadas são dotadas de funções específicas que variam de acordo com o tecido que essas novas células irão formar”, explicam Antônio Carlos Campos de Carvalho e Cristiane del Corsso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Em relação à fonte de obtenção, as células-tronco podem ser originárias do embrião, do feto, do cordão umbilical e do adulto”, completam.

Terapias com células-tronco adultas têm sido propostas por uma equipe baiana que reúne especialistas dos hospitais Santa Izabel e São Rafael e da Fiocruz. “Em uma pesquisa pioneira no mundo, foram estudados, em uma primeira fase, 30 pacientes chagásicos com insuficiência cardíaca. Em outro projeto, também pioneiro no mundo, 30 pacientes com doenças crônicas do fígado foram estudados. Os resultados destes estudos foram promissores e serviram de base para a realização de novas análises visando à confirmação da ação da terapia celular nestas doenças e para o aprimoramento desta nova modalidade terapêutica”, contam Ricardo Ribeiro dos Santos e Milena Botelho Pereira Soares, da Fiocruz da Bahia.

Contudo, o livro não se restringe aos aspectos técnicos das pesquisas. Ele vai além ao propor uma discussão bioética. “Nas pesquisas com células embrionárias, as questões éticas estarão especialmente relacionadas à utilização de embriões. Não tenho dúvida de que a intenção da maioria dos pesquisadores envolvidos nessas pesquisas é boa. Mas há um forte questionamento sobre a partir de quando e até quando se deve considerar razoável, ou aceitável, a utilização dos embriões para a obtenção dessas células. A questão básica é o embrião. Não adianta focarmos outras questões. E por quê? Porque há uma discussão sobre quando se considera que há vida”, diz Sérgio Rego, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Para alguns, há vida desde a concepção. Para outros, a vida está associada à noção de pessoa. “E quando podemos considerar que existe uma pessoa, nas células humanas agrupadas? Há também uma diversidade de opiniões”. Esta é a discussão e ela está longe de ser encerrada, como demonstra o atual embate em torno da Lei de Biossegurança.

Além das células-tronco, diversas outras temáticas são abordadas no livro, como a terapia gênica, a farmacogenética e a nanobiotecnologia. De modo geral, a publicação apresenta um panorama do estado da arte das pesquisas e propõe reflexões sobre as conseqüências dessas pesquisas para a sociedade. Políticas públicas, bioética, regulamentação e proteção legal das novas tecnologias também são alvo de análises. A íntegra do livro está disponível aqui.

Criado em 2001, o projeto Ghente reúne profissionais das diversas áreas do conhecimento, representantes de instituições públicas e privadas, organizações civis e sociedade, com o objetivo de promover a discussão sobre as implicações sociais, éticas e jurídicas do uso de genomas, em especial o genoma humano, na área da saúde.


http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1634&sid=10

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