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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A IMPORTÂNCIA DE CONSTRUIR BANCOS DE SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL NO BRASIL

Otransplante de células-tronco hematopoiéticas
(TCTH), antigamente chamado de
Transplante de Medula Óssea (TMO), é um
procedimento curativo que tem salvado milhares
de vidas desde a década de 1970. Os
maiores beneficiados por esse tipo de tratamento são os pacientes
que têm doenças hematológicas como, por exemplo,
as leucemias e as aplasias de medula, mas diversas outras
doenças, hematológicas ou não, têm sido tratadas através desse
procedimento. Pacientes com doenças imunológicas,
em que as defesas do organismo estão
comprometidas, também podem se curar
com o transplante (1).
Embora o TMO esteja sendo usado com sucesso
há vários anos para tratar pacientes com
doenças malignas ou não, a sua maior limitação
é a disponibilidade de doador. Devido à complexidade
do sistema imunológico há uma
chance de apenas 25% dos candidatos ao TMO
terem doadores compatíveis aparentados, geralmente um irmão,
devido a incompatibilidade de um sistema chamado
HLA (Antígenos Leucócitarios Humanos) (2). Sendo assim,
ocorre a necessidade de se procurar doadores compatíveis fora
da família. O Programa Nacional de Doador de Medula dos Estados
Unidos, por exemplo, tem identificados 2 milhões de
doadores em potencial e tem facilitado, desde dezembro de
1995, aproximadamente 5 mil TMO a partir de doadores nãorelacionados.
Mesmo assim, esse número é baixo frente ao
maior número de pacientes à espera de um transplante. Além
disso, a disponibilidade de doadores de medula óssea não-relacionados
é ainda limitada devido a inúmeros fatores: 1) o tempo
gasto no processo de procura de doador pode variar de um
mês a seis anos; 2) a disponibilidade do doador no momento
em que é solicitado e 3) a limitada disponibilidade de doadores
em uma dada população étnica ou grupo racial. Devido a estes
fatores, menos de 40% dos pacientes que poderiam ser beneficiados
por um TMO têm identificado um doador adequado e,
destes que têm um doador identificado, menos de 40% recebem
o transplante (3).
A célula-tronco (CT) é definida como a célula com capacidade
de gerar diversos outros tipos celulares. As principais fontes das
células-tronco hematopoiéticas são a medula óssea, o sangue
periférico, após mobilização dos precursores hematopoiéticos
através do uso de citocinas e, mais recentemente, o sangue de
cordão umbilical humano (4).
O sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) é rico em
progenitores hematopoiéticos e tem sido usado para o tratamento
de doenças hematológicas malignas ou não-malignas
(4, 5). O cordão umbilical é uma fonte ilimitada de célulastronco
uma vez que esse cordão umbilical e a placenta são colocados
no lixo após o parto.
O primeiro relato de uso de células de sangue de cordão umbilical
humano em transplante foi em 1988, pela doutora Eliane
Gluckman, do Hospital Saint-Louis em Paris,
França. Gluckman e colaboradores (6)
utilizaram o sangue de cordão umbilical da irmã
de um paciente com anemia de Fanconi para
realizar o transplante, o qual foi um sucesso.
A partir daí, o sangue de cordão umbilical tem
sido utilizado como uma excelente fonte de células-
tronco hematopoiéticas para transplante
em pacientes que não apresentam doadores
HLA compatíveis na família (5). As células do
sangue de cordão umbilical e placentário parecem induzir com
menor freqüência a doença do enxerto contra o hospedeiro
(DECH), a qual é provocada pela incompatibilidade nesse sistema
HLA (7).
O sucesso do uso das células do sangue de cordão umbilical em
transplantes culminou com a necessidade de armazenamento
dessas células. Sendo assim, o primeiro banco de sangue de cordão
umbilical e placentário (BSCUP) público foi estabelecido
em 1993 pelo doutor Pablo Rubinstein no New York Blood
Center, Estados Unidos (8). Esse procedimento encorajou o estabelecimento
de outros BSCUP em diversas partes do mundo
e o número de transplantes, utilizando células do sangue de
cordão, aumentou surpreendentemente nos últimos anos (9).
O Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário
(BSCUP) é uma organização que se destina a coletar, processar
e armazenar células progenitoras hematopoiéticas provenientes
do sangue de placenta e cordão umbilical.Muitas são as vantagens do uso das células do sangue de cordão
umbilical como fonte de células-tronco hematopoiéticas em
relação à medula óssea ou ao sangue periférico: 1) a ilimitada
oferta de sangue de cordão, uma vez que o mesmo é descartado
após o parto; 2) a disponibilidade imediata do mesmo, uma vez
que as células encontram-se prontas para o uso, armazenadas
nos bancos de cordão umbilical humano e 3) a menor incidência
de DECH (Bühring, 1998, McNiece, 2000 e McNiece &
Briddell, 2001), uma vez que essas células são mais “imaturas”
imunologicamente, aumentando muito a chance de achar um
doador. As crianças seriam as maiores beneficiadas por esse tipo
de procedimento, uma vez que a leucemia é o tipo mais comum
de câncer infantil, sendo responsável por mais de 50%
dos casos de câncer na infância.
Com o avanço cada vez maior nas pesquisas com células-tronco,
além das doenças que já se beneficiam com o TCTH, as célulastronco
do sangue de cordão umbilical poderão ser úteis no tratamento
de várias outras doenças, como, por exemplo, nos casos de
pacientes que sofreram infarto do miocárdio ou pacientes
queimados que poderão ter as células reconstituídas com o uso
das CT. Sendo assim, é importante que sejam criados bancos de
sangue de cordão umbilical no Brasil, pois essas células poderão
ajudar a salvar a vida de inúmeros pacientes na nossa sociedade.


Patricia Pranke é farmacêutica e professora de hematologia da Faculdade de Farmácia da
UFRGS e PUCRS. É professora e pesquisadora do programa de pós-graduação em medicina:
ciências médicas – UFRGS, com doutorado na UFRGS e no Banco de Sangue de Cordão Umbilical,
New York Blood Center.


http://www.celulastroncors.org.br/artigos/BancoCordao.pdf

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