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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CÉLULAS-TRONCO - ESSA É A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA NO BRASIL

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Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) produziram as primeiras células-tronco embrionárias humanas do Brasil.

É o primeiro resultado prático obtido no Brasil desde a legalização das pesquisas com embriões humanos, em 2005, pela Lei de Biossegurança. A lei foi questionada na Justiça e reconfirmada em maio deste ano pelo Supremo Tribunal Federal.

Para obter a linhagem estável, cientistas do Instituto de Biociências da Universidade usaram 35 embriões que estavam congelados em clínicas de fertilização in vitro —e que foram doados pelos genitores.

A pesquisa da USP começou em 2006 e conseguiu a primeira linhagem células-tronco embrionárias há cerca de três meses. Agora, Lygia da Veiga Pereira, líder do grupo de pesquisa, diz já poder afirmar que as células produzidas são realmente células-tronco embrionárias.

"Temos características mínimas que nos dão a certeza de que as células produzidas são células-tronco embrionárias. Elas são pluripotentes, ou seja, têm capacidade de se tornar diferentes tipos de células. Já conseguimos que elas virem células musculares e neurônios", explica.

Segundo a pesquisadora, células-tronco embrionárias já foram testadas em animais e o efeito foi muito bom, superior ao resultado obtido com células-tronco adultas. "A melhora em testes para Parkinson e lesões da medula, por exemplo, é muito boa. Mas ainda precisamos de mais resultados para fazermos testes clínicos em humanos. O modelo animal ainda deve se manter forte no Brasil".

Já nos Estados Unidos, Pereira aponta que o grupo Geron já entrou com pedido no FDA (Food and Drug Administration), órgão regulamentador do país, para começar com testes clínicos em humanos. "Os testes em humanos ainda não foram aprovados, mas em um ano as primeiras aplicações já devem ocorrer", sentencia.

O principal avanço da pesquisa nacional para ela é a autonomia em relação a linhagens estrangeiras. "Agora que conseguimos desenvolver células-tronco embrionárias no Brasil, não dependemos mais de células vindas de outros países para realizar nossas pesquisas".

"Estamos dez anos atrasados em relação ao mundo. Em 1998, surgiu a primeira linhagem de células-tronco embrionárias nos Estados Unidos. Mas isso não quer dizer que temos que evoluir dez anos. Já usamos as metodologias mais modernas", conta a pesquisadora.

Lei de Biossegurança

O problema com a jurisprudência não impediu a pesquisa, mas atrapalhou. "Como o governo manteve o financiamento, a pesquisa continuou sendo desenvolvida enquanto a ilegalidade do uso de células embrionárias era discutida. Mas gerava insegurança, a pesquisadora Ana Maria Fraga teve sua bolsa pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) negada porque o órgão não podia se comprometer a pagar a bolsa por cinco anos sendo que ela poderia se tornar ilegal em pouco tempo", diz Pereira.


Fonte: UOL



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